Ex-integrantes das Testemunhas de Jeová vêm se mobilizando em diversas partes do país para denunciar o que classificam como uma prática discriminatória incentivada pela religião: o rompimento de laços familiares com aqueles que decidem deixar a organização. A campanha, encabeçada por ativistas e ex-membros, busca dar visibilidade às consequências emocionais e sociais dessa orientação.

Segundo os manifestantes, a doutrina das Testemunhas de Jeová incentiva que fiéis evitem qualquer tipo de contato com ex-membros considerados “desassociados” ou “apóstatas”, mesmo quando se trata de parentes próximos. A medida, segundo eles, está documentada em publicações oficiais da organização, como revistas e manuais internos, que orientam a chamada “evitação” como forma de disciplina espiritual.

“Estamos falando de pais que deixam de falar com filhos, filhos que não têm mais contato com os pais, irmãos separados por uma doutrina que não aceita questionamentos ou desvios”, afirma uma das organizadoras do movimento, que prefere não se identificar por medo de retaliações.

Os ativistas têm utilizado as redes sociais para compartilhar relatos e promover ações públicas, como caminhadas, atos simbólicos e rodas de conversa. Além disso, grupos internacionais vêm se articulando para levar o tema à esfera legal e aos órgãos de direitos humanos, denunciando o que consideram uma violação ao direito à convivência familiar e à liberdade de consciência.

Em resposta às críticas, representantes das Testemunhas de Jeová afirmam que o afastamento de membros desassociados é uma medida espiritual baseada em princípios bíblicos e que a participação na religião é voluntária.

Enquanto isso, os ex-fiéis seguem buscando apoio psicológico e legal para lidar com as consequências do rompimento forçado com suas famílias. “Nosso objetivo não é atacar a fé de ninguém, mas proteger pessoas de práticas que causam sofrimento e isolamento”, resume uma das vozes à frente da mobilização.

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